Você decide malhar numa academia para perder peso, melhorar sua qualidade de vida ou criar massa muscular. Após realizar a matrícula, comparece no primeiro dia todo motivado. Ao término, você está fatigado, arrasado e sente dor em cada osso, músculo e órgão do seu corpo. Toma um relaxante muscular e três dias após comparece novamente à academia. Após apenas duas sessões, você se olha no espelho e pergunta ao professor: “Por que ainda não emagreci? Por que meus músculos não estão definidos? Quando ficarão durinhos? Isso é uma enrolação! Desisto!”.
Você decide parar de fumar. Consegue por um ou dois dias, mas no terceiro sucumbe à vontade de fumar. Ou, então, tenta fazer uma dieta. Consegue seguir a receita por uma semana, mas no final de semana você se entrega à feijoada ou ao churrasco. Ou, ainda, você decide recomeçar a ler livros ou a fazer algum curso. Tenta por uma semana, mas depois não dá prosseguimento e acaba desistindo. Acaba dizendo que não funciona. Que é incapaz e desiste.
Qual é a diferença entre esses três casos? Nenhuma! E qual a relação entre esses casos e aquele da academia? Tudo a ver. Quais são as razões de desistirmos facilmente quando estamos tentando mudar? Por que queremos resultados sem nos esforçarmos para conseguí-los?
Dentro do nosso cérebro acontecem reações entre bilhões de neurônios que se associam criando caminhos neuronais, ou vias neurais, por onde trafegam estímulos elétricos de neurônio a neurônio através de incontáveis sinapses (conexões). Um estímulo (fumaça de cigarro, cheiro de comida, provocação de um colega, ameaça…) desencadeia uma reação emocional instantânea e automática (fumar, comer, discutir, fugir…), seguindo um determinado padrão de comportamento. De tanto usarmos algumas dessas vias, acabamos por reagir sempre no piloto automático.
Imaginemos agora que toda semana tomemos banho numa mesma cachoeira. O que seria mais fácil? Pegar a velha e já conhecida estrada de asfalto e termos certeza de que ela nos levará até a cachoeira ou abrir um novo trajeto com foice e machado? Mais fácil ir numa já conhecida cachoeira ou abrir uma nova trilha para uma nova cachoeira?
Se o cérebro já tem um caminho neuronal, a tendência é que sigamos essa conhecida trilha e reajamos do mesmo modo habitual. Assim como é difícil abrir uma nova trilha na mata, também nos é difícil instalar um novo hábito. Por quê? A reposta está numa palavra: CONDICIONAMENTO. Do mesmo modo que ninguém vai conseguir um resultado visível e significativo no corpo após dois dias de academia, também não poderemos mudar nossos hábitos sem um esforço contínuo e consistente, enfim, sem estarmos totalmente condicionados.
Se você começa a abrir hoje uma trilha e só volta a caminhar por ela uma semana ou um mês depois, o mato já fechou novamente. O segredo para construir uma trilha está em passar sempre pelo mesmo caminho. O problema não está só em começar, persistir ou terminar. No TERMINAR, o segredo está em PERSISTIR em um novo COMEÇAR.
Toda vez que aprendemos algo novo, estamos criando uma nova trilha neuronal. No início o “mato neuronal é realmente denso e fechado”. Tudo muito novo e desconhecido. Temos a tendência a voltar a fazer as coisas como sempre fizemos. Temos uma tendência em voltarmos para nossa zona de conforto. Mas, precisamos estar resolutos de que precisaremos não só começar um novo caminho, como passar por ele repetidas vezes de modo cada vez mais consistente.
Do mesmo modo que condicionamos nosso corpo, precisamos condicionar nossas mentes. Ou seja, precisamos imaginar, experimentar, repetir e reforçar novos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Precisamos condicionar nossa mente para a mudança. Se você hoje perde a mão direita e precisa aprender a fazer tudo com a esquerda, terá um grande desafio pela frente. Mas só aprenderá pela exaustiva, contínua e persistente repetição de movimentos. Se uma vez você se condicionou a usar a mão direita poderá agora fazer o mesmo com a esquerda.
Você precisa ter consciência e sabedoria para escolher a dor momentânea do aprendizado a ter que conviver com a dor contínua e eterna provocada pelos hábitos e vícios que te levam aonde você não quer mais estar ou viver. Antes uma dor passageira a uma passagem para a dor eterna. Alguns especialistas dizem que é preciso algo entre vinte a trinta dias para instalar um novo hábito. Assim como na musculação, séries e repetições são os segredos para o condicionamento mental.
Enfim, comece agora a abrir novas trilhas neuronais para sua vida, comece uma nova ação e repita essa ação consistentemente até se tornar um novo hábito. Mas faça isso com consistência e determinação. Condicione seu corpo e mente nessa obra diária. Afinal, a principal característica nas pessoas bem sucedidas é que elas fazem algo consistente, diferente e melhor em relação aos outros. O campeão é uma pessoa comum que não para de abrir sua própria trilha e caminhar até alcançar a sua própria cachoeira.
Encontre sua cachoeira! Vamos!!
01/10/2013